quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Diplomata dos EUA renuncia em protesto à ocupação do Afeganistão


Matthew Hoh, um ex-combatente que se tornou diplomata, é o primeiro funcionário estadunidense a se demitir em protesto contra a guerra do Afeganistão, informou hoje o jornal The Washington Post. Hoh combateu no Iraque e trabalhava no Departamento de Estado, após deixar a carreira militar. Agora renunciou ao cargo de civil estadunidense com mais poder na província de Zabul, deixando uma série de criticas que provocaram grande incômodo na administração Obama. "Perdi a compreensão e a confiança nos propósitos estratégicos da presença dos Estados Unidos no Afeganistão", afirmou Hoh em sua carta de demissão, datada de 10 de setembro. "Tenho dúvidas e reservas sobre nossa estratégia atual e a estratégia futura, mas minha renúncia não está baseada em como estamos levando essa guerra, mas sim no porquê e com que fim", comenta.Com a morte de mais 8 soldados estadunidenses na mais recente série de atentados à bomba, outubro torna-se o mês com maior número de baixas para os Estados Unidos desde o início da ocupação do país.No momento em que Obama deve decidir sobre o reforço das tropas no país a sua administração enfrenta ainda o primeiro pedido de demissão de um alto funcionário em protesto contra a guerra.As tropas alemãs são um bom exemplo do tipo de impasse que vivem as forças da Otan. O terceiro maior contingente mobilizado pela organização enfrenta um endurecimento nos confrontos na região norte de Kunduz e é confrontado com a natureza das suas operações no país. Afirma-se que, se as tropas alemãs passarem a assumir uma postura mais ofensiva, o governo alemão passaria a enfrentar forte contestação pública.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Facemos un chamamento de repudio ás detencións dos compañeiros da esquerda abertzale.


Axentes da Policía española entraron na sede de LAB en Donostia e detiveron a Arnaldo Otegi, Rafa Díez, Rufi Etxeberria, Sonia Jacinto e Arkaitz Rodríguez, Tamén foron arrestados Amaia Esnal, Txelui Moreno, Mañel Serra e Miren Zabaleta.
Estas detencións son unha nova provocación por parte da Audiencia Nacional amparada pola nefasta Lei dos Partidos Politicos. Por iso hoxe máis que nunca é necesario realizar unha intensa campaña nacional, estatal e internacional para denunciar esta lei antidemocratica.
Esta actuación policial esta en no marco de gráve crise pola cal atravesa a economia do estado español e padecen os traballadores. Esta provocación da Audiencia Nacional realízase cando sae a luz, unha vez máis, o financiamento inmoral e a corrupción dos partidos politicos do sistema, neste caso do Partido Popular.
Esiximos a inmediata liberdade dos compañeiros vascos.
Pola solidariedade internacionalista.
Contra a lei dos partidos politicos e a eliminación da Audiencia Nacional.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Fundada há 60 anos a República Democrática Alemã

Nos últimos meses, na República Federal Alemã (RFA), se utiliza um gigantesco aparato propagandístico para recordar o 60º aniversário de fundação da República Democrática Alemã, a RDA.Por Nina Hager *, para o Tribuna PopularOs 60 anos de existência da República Federal, capitalista, são pintados como uma história cheia de exitos puros, sem opção; enquanto isso, a RDA é pintada como uma nação fúnebre, imobilizada, um país de injustiça e da "segunda ditadura".Nesta RFA fazem esforços gigantescos para calar não apenas o passado fascista como também a responsabilidade que lhe corresponde ao capital alemão pelo que se iniciou em 1933, pelo 1º de setembro de 1939, tratando-se — igualmente — de deixar de lado suas implicações e de silenciar as causas originárias da divisão da Alemanha.A intenção evidente: fazer com que todo mundo acredite que nunca existiu um estado alemão, a RDA, onde as pessoas não tinham medo de perder seu trabalho ou sua residência, onde a educação não dependia do que você carregava na carteira, onde a política de paz e antifascismo era razão de Estado.Entre dois sistemas antagônicosDepois de derrotado o fascismo alemão, em maio de 1945, a Alemanha foi dividida em quatro zonas de ocupação.Nas zonas de ocupação estadunidense, britânica e francesa muito rapidamente se empreenderam os passos para restaurar o capitalismo, contando com o apoio das potências ocupantes. Durante a Guerra Fria, foram os Estados Unidos e os outros países capitalistas os líderes daquela época, utilizando na Europa todo o potencial político e econômico da Alemanha Ocidental contra a União Soviética e os países de democracia popular.Mais tarde — acompanhando a fundação da República Federal Alemã em 1949 — os nazis de antanho voltaram a ocupar seus cargos e postos: na indústria, na política, nas estruturas jurídicas e militares e nos serviços secretos.Diferente do desenvolvimento na zona de ocupação soviética. Conforme as resoluções do Acordo de Potsdam e apoiado pela URSS, se optou por uma via de desenvolvimento democrático-antifascista.Se efetuaram reformas fundamentais, mais adiante elas foram determinantes para a construção e a política da RDA. Entre elas figuraram a reforma agrária, a expropriação dos criminosos nazistas e de guerra de suas empresas. Se transformaram em propriedade social os meios de produção mais importantes. Foi executada uma reforma transcendental da educação fundamental, média e superior; garantiu-se a igualdade de gênero, foram criados os direitos das jovens gerações. Tudo isso incluia uma sistemática educação antifascista.Naqueles anos, foram criadas as bases de uma nova política externa, do respeito consciente ao Acordo de Potsdam, o reconhecimento das fronteiras resultantes da Segunda Guerra Mundial, a criação e manutenção de relações amistosas com todos os países, sobretudo com a URSS, o compromisso de disponibilizar toda a força do país em prol da paz.Em 7 de outubro de 1949 foi fundada a RDA, fato que aconteceu em condições políticas e econômicas extremamente complexas, como situar-se no limite entre dois sistemas sociais antagônicos. Nos anos seguintes, a União Soviética e a RDA apresentaram repetidas vezes propostas no sentido de estabelecer uma Alemanha reunificada, neutra e desmilitarizada.Uma experiência socialistaA RDA, menor e economicamente muito mais pobre, comparada com a RFA, pode existir e desenvolver-se somente com o apoio dos povos soviéticos e dos povos das democracias populares em desenvolvimento e, mais adiante, por ser parte da comunidade de países socialistas.O programa do DKP (Partido Comunista da Alemanha, na sua sigla atual em alemão), diz respeito às conquistas e progressos da RDA: "A República Democrática Alemã, sob a liderança do Partido Socialista Unificado da Alemanha (PSUA), colocou limites ao poder do imperialismo alemão. Durante quatro décadas, em uma parte da Alemanha foi removido o domínio dos monopólios e dos bancos. A libertação do fascismo abriu ao povo alemão possibilidades favoráveis para a criação de uma ordem democrática-antifascista em toda a Alemanha. Entretanto, esta oportunidade só foi aproveitada de modo consequente na parte oriental da Alemanha, ou seja, na zona de ocupação soviética, que logo se transformou na República Democrática Alemã. Com a RDA, constituiu-se no território alemão uma alternativa socialista ao imperialismo alemão. A RDA, seu antifascismo consequente, sua luta pela paz, pela distensão e pelo desarmamento, assim como a realização de direitos sociais elementares, formam parte das conquistas mais importantes do movimento operário alemão e são parte do patrimônio humanista na Alemanha".Derrota, memória e certezaTanto mais amargo que o fim e a derrota do socialismo na Europa, foi o fim da RDA.Decisivos para isso foram o atraso econômico e a baixa produtividade da economia nacional da RDA em comparação com a RFA. Entretanto, em 1989 a RDA estava entre as 20 nações industriais mais fortes do mundo.De importância essencial foram uma democracia deficitária e outros aspectos deficientes.A razão interna principal para a derrota do socialismo real na Europa e também na RDA consiste no estancamento crescente das relações sociais. Não se conseguiu dar ao socialismo, na base de seuis próprios princípios e de acordo com o nível de desenvolvimento alcançados, estímulos revolucionários de desenvolvimento cada vez mais novos.Desde meados dos anos 1980, ou mais tardar, o desenvolvimento social estava paralizado.No verão de 1989, quando o governo da URSS, sob o reformista Gorbachov "desistiu" da RDA, o "destino" do país foi selado.A união monetária e econômica realizada no início de 1990 significaram a tomada de posse da RDA pela RFA; a entrega da Alemanha Oriental ao grande capital.As questões de poder e propriedade estavam resolvidas então, a favor dos grandes monopólios, os bancos, financeiras e corretoras de seguro.Em 2 de outubro de 1990 a RDA se "associou" à RFA, de acordo com o artigo 23 da Constituição da RFA.Desde então, os que estão no poder na RFA fazem o possível para deslegitimar e difamar a RDA, para mudar a história.Não obstante, não conseguiram nem extinguir a memória nem a certeza de que o socialismo é, sim, viável.(*)Vice-presidente do Partido Comunista Alemão (DKP).

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Oposição derrota direita em eleições parlamentares na Grécia

Nas eleições legislativas antecipadas realizadas neste domingo (4) na Grécia, a Nova Democracia, direita que estava no governo desde 2004, foi derrotada e afastada do governo. O PASOK (Movimento Socialista Pan-Helénico), liderado por George Papandreu, ganhou com maioria absoluta.O Partido Comunista da Grécia (KKE) elegeu 20 deputados e a Syriza (coligação de esquerda dissidente) 12. Ambos os partidos perderam 2 deputados cada em relação à última eleição. O KKE, que obteve 8,2% dos votos em 2004 obteve 7,37% agora. O partido LAOS (extrema direita) subiu de 10 para 15 deputados.Com uma cômoda maioria de 159 das 300 cadeiras no Parlamento, Papandreu recupera o poder que o Pasok perdeu em 2004 para a direita, cujo líder e primeiro-ministro, Kostas Karamanlis, renunciou neste domingo."Estamos aqui unidos diante de uma grande responsabilidade, que eu assumo pessoalmente, para mudarmos o nosso país em direção a um cenário de respeito às leis, ao ambiente e ao progresso", disse Papandreu."Não quero tolerância, mas participação, porque o futuro é de todos e tenho fé na capacidade das forças reprimidas pela corrupção e pelo desperdício", declarou o político de 57 anos.PromessasPara os primeiros cem dias como chefe do executivo, Papandreu prometeu por em prática um programa de estímulo avaliado em 2,5 bilhões de euros que deverá dar vitalidade à economia, atualmente em recessão por causa crise econômica mundial.O Pasok prometeu também apresentar ao Parlamento um plano para controlar o gasto público e elevar a receita tributária, combatendo a enorme evasão fiscal no país. Ele também comprometeu-se em reajustar salários e pensões acima da inflação, atualmente em 0,8%, e redistribuir a carga fiscal elevando impostos para os mais ricos.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

ANIVERSARIO REVOLUCIÓN CHINA



1 de Outubro de 2009 - 17h46
Hu Jintao: China vai aprofundar socialismo e marxismo
O presidente chinês, Hu Jintao, manifestou nesta quinta-feira (1/10), em um discurso que abriu as festividades do 60º aniversário da fundação da República Popular da China, o objetivo do país, do povo e do partido em avançar na reforma e na abertura, na concretização e aprofundamento do socialismo com características chinesas, do marxismo e na reunificação pacífica do país, sob o lema de "um só país, dois sistemas".Leia abaixo a íntegra do discurso proferido por Hu Jintao nesta quinta-feira, em Pequim."Expresso aqui, em nome do Comitê Central do Partido Comunista, da Assembleia Popular Nacional, do Comitê Nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês e da Comissão Militar Central, nossa recordação profunda aos antecessores e mártires revolucionários que fizeram contribuições imortais para a independência nacional e a libertação popular, para a prosperidade e o fortalecimento da nação e para a felicidade do povo.Também extendo nossas calorosas felicitações aos povos dos diversos grupos étnicos e compatriotas residentes dentro e fora do país, e nosso sincero agradecimento aos amigos de distintos países, que seguem de perto e apoiam o desenvolvimento da China.No dia de hoje, há sessenta anos, após mais de cem anos de batalhas sangrentas disputadas desde o início da história contemporânea, o povo chinês consegue, finalmente, a grande vitória da revolução chinesa e o presidente Mao Tse Tung proclama, neste mesmo lçugar a fundação da República Popular da China, o que permitiu ao povo chines colocar-se de pé desde então e que a nação chinesa, que tem uma história de civilização de mais de 5 mil anos, entrasse em uma nova etapa de desenvolvimento e progresso.Ao largo desses sessenta anos, sob a liderança dos corpos diretivos de três gerações do Comitê Central do Partido Comunista da China, que tinham os camaradas Mao Tse TUng, Deng Xiaoping e Jiang Zemin como seu núcleo, e do Comitê Central do Partido eleito desde seu décimo sexto congresso Nacional, os povos trabalhadores e inteligentes de diversas nacionalidades lutaram com uma só vontade e de forma árdua conseguiram superar diversas dificuldades, reveses, provas e riscos, conquistando grandes êxitos que atrairam a atenção mundial, escrevendo assim uma gloriosa página de esforços incansáveis. Hoje em dia, somos uma China socialista que se orienta no rumo da modernização. O mundo e o futuro estão firmemente erguidos no Oriente do nosso planeta.O desenvolvimento e o progresso obtidos ao longo dos sessenta anos da Nova China mostraram plenamente que só o socialismo pode salvar a China é que somente a reforma e abertura pode permitir o desenvolvimento da China, do socialismo e do marxismo. O povo chinês tem a confiança e a capacidade para construir bem seu país e realizar suas devidas contribuições ao mundo.Seguiremos com firmeza o caminho socialista com características chinesas, aplicaremos completamente as teorias, linhas básicas, diretrizes e experiências básicas do Partido Comunista, continuaremos emancipando a mentalidade, persistiremos na reforma e abertura, vamos impelir um desenvolvimento sustentável, promoveremos a harmonia social e levaremos adiante o processo de construção de uma sociedade razoavelmente provida em todos os sentidos, abrindo incessantemente novas perspectivas à causa socialista com peculiaridades chinesas e escrevendo novos capítulos de uma vida feliz do povo.Nos manteremos firmemente aderidos aos princípios de "reunificação pacífica e um país, dois sistemas", em prol da manutenção da prosperidade e estabilidade a longo prazo de Hong Kong e Macao e promover o desenvolvimento pacífico das relações entre ambos os lados do estreito de Taiwan, e seguioremos realizando esforços para alcançar a reunificação completa da pátria, sendo esta a aspiração comum da nação chinesa.Persistiremos de forma inquebrantável com uma política externa autônoma e de paz, seguiremos o caminho do desenvolvimento pacífico, aplicaremos a estratégia de abertura mutuamente benéfica desenvolvendo a cooperação amistosa com todas as nações com base nos cinco princípios de coexistência pacífica e continuaremos trabalhando, junto aos diversos povos do mundo, para impelir a causa nobre da paz, desenvolvimento da humanidade e a construção de um mundo harmônico baseado na paz duradoura e a prosperidade comum.O Exército de Libertação Popular e as tropas da Polícia Armada Popular devem levar adiante suas gloriosas tradições e fortalecer seu processo de construção para cumprir de forma eficaz suas missões, fazendo novas contribuições à salvaguarda da soberania, segurança e integridade territorial da nação e da paz mundial.A história nos indicou que o caminho do progresso nunca é plano, mas que um povo unido que toma o destino em suas próprias mãos vencerá, sem nenhuma dúvida, todas as dificuldades, criando continuamente grandes epopeias históricas.Olhando para o futuro, a China tem uma perspectiva muito promissora. Todo o Partido Comunista, todo o exército e todo o povo deve unir-se de forma mais estreita, levantar no alto a grande bandeira do socialismo com características chinesas, adaptar-se às mudanças e agir com um espírito empreendedor, seguir avançando valentemente rumo à grande meta de construir uma nação próspera, poderosa, democrática, civilizada e harmoniosa nação modernizada socialista e obter a grande revitalização da nação chinesa e continar realizando novas e maiores contribuições à humanidade, embora isso requeira um árduo trabalho e esforços incansáveis.Viva a República Popular da China!Viva o grande Partido Comunista da China!Viva oi grande povo chinês!"

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

HONDURAS


Regime de Micheletti cai no isolamento e na defensiva
"Pode-se fazer qualquer tudo com as baionetas, exceto sentar-se sobre elas". Por ignorar essa frase de Napoleão Bonaparte, Roberto Micheletti, inquilino da Casa Presidencial de Honduras desde o golpe de 28 de junho, isola-se não só do Brasil, da OEA e da ONU, mas do Parlamento Hondurenho, do Tribunal Supremo Eleitoral, dos candidatos presidenciais, dos empresários, da Igreja e até do general Romeo Vásquez, o homem que deu o golpe. Por isso já começou a balançar.Por Bernardo Joffily

Micheletti: os males de ignorar NapoleãoA frase provavelmente não é de autoria de Napoleão – que provavelmente tomou-a de empréstimo de Talleyrand (1754-1838). Mas é uma santa verdade, comprovada pela trajetória de todas as ditaduras latino-americanas do século passado. Podia ter dado certo até o dia 21É sempre arriscado adiantar previsões. Mais ainda numa situação tão conflituosa e instável, em um país com peculiaridades bem distintas dos seus vizinhos El Salvador, Nicarágua e Guatemala. Mas há momentos em que um jornalista, mesmo correndo o risco de morder a língua, tem o dever de ofício de tentar se adiantar aos fatos. Os fatos apontam para um diálogo entre golpistas e zelaystas que já começou, apesar de Micheletti, e tende inexoravelmente a atropelar o aprendiz de ditador.A estratégia micheletista consistia em segurar as pontas, reprimir a Resistência, fazer as eleições de 29 de novembro sob seu controle e entregar ao sucessor "eleito" o abacaxi de um regime que não é reconhecido por nenhum dos 192 países do mundo. Poderia ter dado certo... até o 21 de Setembro. Mas o retorno do presidente Manuel Zelaya, e o abrigo que este encontrou na embaixada brasileira, mudaram esse cenário. E o próprio 'Goriletti', como dizem os hondurenhos, à sua maneira, ajudou. Com a escalada de medidas ditatoriais do último fim de semana, começando com o ultimato de dez dias ao Brasil e culminando com a decretação do estado de sítio, quis "sentar-se sobre as baionetas".Tapete vermelho para a OEA no dia 7Com isso, o campo do golpismo fragmentou-se – outro processo clássico no crepúsculo de ditaduras em Nuestra America. Por enquanto, os atores citados no primeiro parágrafo manifestam sua discordância do estado de sítio, enquanto pronunciam-se pelo (e praticam o) diálogo com o campo de Zelaya.O cenário mais provável é que a missão da Organização dos Estados Americanos que desembarcará em Tegucigalpa na próxima quarta-feira (4) encontrará um tapete vermelho estendido pelo regime golpista – o mesmo que no sábado expulsou sumariamente quatro diplomatas da OEA encarregados de preparar a visita. E que o 'Acordo de San José', costurado pelo presidente Costarriquenho Oscar Arias.Em síntese, San José significa: 1) o retorno do presidente Zelaya ao seu cargo, até a conclusão do mandato constitucional, em janeiro que vem; 2) o veto a uma hipotética candidatura de Zelaya a um segundo mandato nas eleições presidenciais de 29 de novembro (pretensão que o presidente deposto aliás nunca assumiu); e 3) anistia geral, como é de praxe em tais processos de pacificação.95 dias de magnífica ResistênciaNão é uma plataforma insurreicional-revolucionária (nem poderia ser, vindo de Arias). Mas também não é uma imposição de "estrangeiros", como tentaram vender os michelettistas – que aliás andam de bola murcha e desistiram da "Marcha em Defesa das Eleições" que estava programada para esta terça-feira. Será, se for, um êxito parcial porém notável do povo hondurenho e sua Resistência.O movimento popular hondurenho sempre foi visto como incipiente, em comparação com seus vigorosos vizinhos salvadorenhos, nicaraguenses e guatemaltecos. Honduras não tinha forças guerrilheiras, nem partidos ou frentes de esquerda com grande implantação de massas. Mas isso terá que ser revisto.Noventa e cinco dias de uma magnífica Resistência Nacional contra o Golpe de Estado, ou simplesmente 'A Resistência' transformaram a realidade do movimento popular hondurenho. Não houve um só dia sem protestos, greves, barricadas, denúncias. O retorno do presidente eleito deu novo ânimo e vigor às mobilizações; a multidão que se concentrou diante da embaixada brasileira no primeiro dia foi estimada entre 20 mil e 100 mil pessoas, e só não se repetiu, em escala ampliada, porque foi dispersada pela força.Ainda há muitas incógnitas por esclarecer na situação hondurenho. A classe dominante local, oligárquica e reacionária, que deu o golpe e empossou Micheletti, agora se distancia dele mas não abdicou de seus interesses. Washington, antes tarde do que nunca suspenderam a ajuda não humanitária ao país, mas permanece com um discurso cheio de ambiguidades. E Micheletti, mesmo isolado, permanece no poder. Porém há motivos para avaliar que a ditadura micheletista, aos três meses de idade, já está em seu ocaso. E o movimento popular, que segurou 'a Resistência' mesmo nos piores dias e com Zelaya no exílio, tem tudo para conquistar um novo protagonismo – conforme outra lei geral das experiências ditatoriais latino-americanas.